sexta-feira, 20 de junho de 2008

João, o teimoso

Ao reler a resposta de minha amiga Gedália a um recado que lhe enviei pelo orkut, lembrei-me da figura do João Teimoso, imagem que tenho em minha memória desde a infância.
É impressionante que depois de tantos anos ela ainda esteja tão viva para mim. Acredito que tenha sido pela teimosia daquele boneco de plástico inflado, em cuja base havia um peso que anulava toda força contra o seu equilíbrio.
Toda tentativa de prostar o João é inútil, porque quanto maior for a pressão para levá-lo ao chão maior é a velocidade com que ele se levanta.
O João não tem pernas,
João não possui braços,
João não consegue gritar,
João não tem condição de se mover sozinho.
Alguns até o chamam de bobo. Porém, João se movimenta em função das pressões que sofre. Assim, a força que é depreendida para o tirar de sua posição é tudo o que ele precisa para se movimentar em direção ao objetivo que lhe deu causa:
FICAR DE PÉ APESAR DAS PRESSÕES.
Não somos nós assim? Bravos, teimosos! Não no sentido de desobedientes, mas de obedientes independentes de circunstâncias. Teimosos contra qualquer força que nos queira destruir.

Lembro-me ainda de Moisés que caminhava como quem vê aquele que é invisível. A invisibilidade de Deus é apenas para aqueles que não têm comunhão com Ele. Para os íntimos, Deus é totalmente visível e dá a conhecer aos seus amigos os segredos de seu santo e amado coração.

domingo, 15 de junho de 2008

Com Deus é preciso ir além II

ROMANOS, capítulo 12:

9 O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. 12 - 10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.

14 abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis.

17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens;

18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens;

19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.

20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Com Deus é preciso ir além

Ser filho de Deus é ir além da mesquinharia e mediocridade humana. É preciso ir além de nossas previsibilidades, dos nossos espaços de controle.

Queremos amar e ser amados. Ora, dar amor a quem nos ama é fácil. Dentro de nossos espaços de controle, queremos acolher quem nos acolhe, e isso é fácil. Com nossa capacidade de prever situações para controlar resultados, tal como um alquimista, queremos investir em relacionamentos do quais nos possa advir algo em troca, e isso também é fácil. Porém, a proposta de Jesus para seus seguidores é de tirar qualquer um do "sério", do equilíbrio. Ele diz: para ser meu seguidor você vai ter quer ir além do exterior, você vai ter que me mostrar algo além das máscaras de boa-vontade, dos gestos performáticos de amor. Isso implica em (Mt 5.44):


Amar o teu inimigo
e
Orar por quem te persegue e busca o teu mal.
Você já se imaginou orando por quem te persegue em vez de pedir que a justiça divina caia na forma de uma espada sobre a cabeço do teu inimigo? Pois é essa mesmo a proposta de Jesus.
Isso me faz lembrar do momento que Jesus se dirigia a Jerusalém e ao passar por uma aldeia de samaritanos, seus discípulos procuraram hospedagem e, devido a velha rixa entre judeus e samaritanos, não foram acolhidos. Diante de tal rejeição, indignados, Tiago e João, se prontificaram a pedir fogo do céus sobre os "maldosos" samaritanos. E a respota de Jesus foi coerente com sua proposta de uma vida além do amor aparente e conveniente: "[...] Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para destruir as vidas dos homens, mas para salvá-las [...]" (Lc 9.55-56).
O que Jesus lhes disse é que o espírito do olho por olho, dente por dente, próprio da lei de Hamurabi, não coadunava com a proposta de orar pelos persguidores. Ele não vei destruir, mas contruir dentro de nós um Reino onde a vingança não tem guarida, onde o amor não é fingido, onde a paz independe de circunstâncias.
Portanto, para ser filho de Deus, precisamos estar dispostos a ir além.

“para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste [é preciso amar a todos indistintamente], porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?
E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?
Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste" (Mt 5.45-48).

segunda-feira, 9 de junho de 2008

VALES, PROFUNDOS E TENEBROSOS VALES!

Esta mensagem eu escrevi em setembro de 2007 e a publiquei em meu outro blog ( http://www.marta-azevedo.blog.uol.com.br ) e agora resolvin compartilhá-la também aqui no Maná Para Hoje.



Em minhas meditações, lembrei-me do título de um livro de Glória Hurst: "Nenhum vale é profundo demais" (1981). A autora narra sua história pessoal, que para muitos poderia ser considerado como uma tragédia para ser esquecida. Ela, porém, ousou eterniza-la em um livro.

Glória vivia um casamento feliz, com belos filhos. Casara com o homem que havia conquistado seu coração. Era, portanto, uma mulher realizada. Mas o tempo passou, e o que era o céu na terra começou a se transformar em frieza da parte do "príncipe encantado". Ele estava sendo atraído para longe do lar. Glória, então, entendeu que seu castelo havia ruído. Ela estava passando pelo vale do casamento desfeito.

Não bastasse a separação, ela teve que se mudar de sua mansão, o vale das crises financeiras. Ainda pior, após tudo isso, dois de seus filhos sofreram um acidente de moto em um mesmo dia, e ela teve que enfrentar o vale das mães que esperam que seus rebentos sobrevivam e logo saiam da UTI. No momento em que narra sua viagem para ir ao encontro do filhos acidentados, Glória escreve: "Todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 28.8). Seus filhos sobreviveram embora um tenha ficado com seqüelas, Estevão ficou epilético.

Mais um vale na vida de Glória, o vale das seqüelas crônicas, num filho em quem se deposita esperanças de um futuro bonito. Mas, o incrível é que em meio a tanta dor, Deus leva Glória entender que precisava perdoar o ex-marido. Ela não poderia permanecer no vale da mágoa limitadora da vida. Era preciso remover a mágoa! Porém, ela teve a bênção de ter tido um encontro pessoal com o Senhor, para além da religião formal e vazia. Deus também usou sua avó para causar um grande impacto espiritual em sua vida. Era o construir do oleiro.

As palavras de Glória dão a dimensão de alguém que, apesar de todos os revezes que passou, descobre que “Nenhum vale é profundo demais”: "Quando o mundo fala de Deus e de seu amor pela humanidade, temos a noção errada de que amor, e principalmente o amor divino, significa apenas coisas boas. Pensamos que certamente não há aflições vindas da mão de um Pai amoroso. Ficamos decepcionados e feridos quando um bebê morre ou quando um jovem se torna inválido em conseqüência de um acidente ou de uma doença crônica. Às vezes chegamos ao ponto até de negar que Deus existe! É difícil aceitar uma figura distorcida do amor. Deus usa as nossas provações para nos aperfeiçoar. Espero que ele me corrija todas às vezes que me desviar do caminho que leva à felicidade no céu. Isso vai mostrar-me o perfeito amor de Deus".

Glória descobriu, provou o milagre da ação, da paz de Deus na vida de um ser humano: "Descobri que eu agora estava acordando pela manhã, depois de um sono profundo, num estado de espírito inteiramente feliz, em vez de sentir apreensão e medo. Sentia-me como se estivesse envolvida, agasalhada pelo amor de Deus. Sentia uma nova expectativa, não de adversidade, mas bem ao contrário. 'O que tens para mim no dia de hoje, Senhor?'. Podia sentir sua força nas ocasiões em que minhas pernas tremeriam de fraqueza. Catorze pílulas por dia nunca tinham conseguido dar-me esta espécie de paz".

Ela termina com essas palavras: "Vivamos com a certeza da abundância do seu amor, com a doçura de sua alegria, com o conforto de sua paz, e com a segurança de sua força. Glória a Deus". A história de Glória Hurst justifica o título de seu livro: "NENHUM VALE É PROFUNDO DEMAIS". Quando, de fato, cremos no Senhor, podemos entender o que disse Davi: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo". “A tua vara e o teu cajado me consolam”. Entender e aceitar isso são vida para nossa alma. Porém, às vezes até, intelectualmente, entendemos, porém, relutamos e não aceitamos. Mas, quando abrimos mão das autodefesas, passamos a desfrutar do amor "desconcertante" de Deus! Então, simplesmente nos deixamos nos braços de um Pai que nos quer "saciar com o trigo mais fino e com o mel que escorre da rocha”.

sábado, 7 de junho de 2008

Nós, potes de barro! Vasos para a fé!

Porém nós que temos esse tesouro espiritual somos como potes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós.
Muitas vezes ficamos aflitos, mas não somos derrotados.
Algumas vezes ficamos em dúvida, mas nunca ficamos desesperados.
Temos muitos inimigos, mas nunca nos falta um amigo.
Às vezes somos gravemente feridos, mas não somos destruídos (2 Co 4.7-9).

Como bom saber que em frágeis e nada nobres vasos de barros, tal como nós, Deus fez e faz brilhar a luz do conhecimento da sua glória, a mesma luz que brilha no rosto de nosso Cristo. Isso nos faz entender um pouco mais sobre o coração de nosso Pai. Ele nos ama, nos acolhe, nos compreende simplesmente porque nos ama, porque nos quer. É o amigo sempre presente, seja nos momentos que perece que estamos sozinhos, nos momentos em que a aflição bate em nossa porta, ou naqueles em somos assaltados pela cruel dúvida.

Ao refletir sobre o assalto da dúvida, me lembro do filme "O Peregrino", que retrata os vários estágios e percalços da caminhada do cristão. Quando o filme retrata o pecado, mostra um lamaçal de lodo, mas para demonstrar a dúvida, mostra um castelo. Então, pensei, que coisa terrível a dúvida! Seria pior que o pecado ou ela é fomentadora do erro? A dúvida tem um castelo fortificado! Castelo fala de reinado. Num reino existe um rei, e todo rei que se preza tem um exército.

Mas, é bom lembrar o que diz o apóstolo Paulo, podemos ter dúvida, mas a graça do Senhor não permitirá que sejamos destruídos por ela, não chegaremos ao desespero. A fé, a luz que brilha no rosto de Cristo raia dentro do castelo da dúvida e nos arranca de lá. Que glória, somos súditos de Deus e não prisioneiros da incredulidade.

Eis o grande contraste entre o mundo em que vivemos e o Deus que vive em nós. No mundo somos aceitos enquanto temos o que oferecer. Somos reconhecidos em função dos títulos ou do poder econômico que podemos ostentar.

Sim, somos potes de barro, mas potes de barro que guardam o tesouro do mistério surpreendente da fé! Potes de barro que de forma incompreensível vão além do possível para alcançar o ilimitado de Deus!
Obrigada, Pai, por permitir que a tua glória habite o nada nobre barro!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Festa de Peixes

Salomão, o sábio, cantou bem quando reconheceu que, sem Deus toda nossa luta é debalde.

Isso me faz lembrar de alguns decepcionados discípulos de Jesus quando, liderados por um ferido e alquebrado Pedro, voltaram a pescar.

Eles haviam largado as redes de pescadores para atender ao chamado do Mestre. Mas, estando desolados por causa da morte de Jesus, talvez não se vissem em condição de serem pescadores de homens. Eles estavam incapazes de vislumbrar futuro.

A situção de Pedro era ainda mais angustiante. Ele havia negado a Jesus por três vezes na mesma noite, conforme Jesus lhe havia dito que aconteceria. Isso depois de dizer que iria até a morte na defesa do seu Mestre. Acredito que essa experiência fez Pedro aprender que, a solidez de nossas vidas e propósitos está em que os mesmos estejam atrelados à vontade divina.

Os discípulos, na realidade apóstolos em formação, passaram a noite lutando com as redes tentando, em vão, conseguir alguns peixes. Mas ficaram decepcionados. Por mais que tenham sido exímios pescadores, não haviam conseguido nenhum peixinho. Imagine o quadro lastimável desses homens, como não estariam emocionalmente? Além de tudo haviam desaprendido de pescar!

Jesus, após ressuscitar, se aproximou e lhes mandou lançar a rede para o lado direito. Após relutarem eles atenderam a ordem de Jesus. Que surpresa! Houve uma festa de muitos peixes se debatendo dentro da rede.

Essa é a lição a ser aprendida, a que canta Salomão na Canção do Peregrino:

Se o SENHOR Deus não edificar a casa, não adianta nada trabalhar para construí-la.

Se o SENHOR não proteger a cidade, não adianta nada os guardas ficarem vigiando.
Não adianta trabalhar demais para ganhar o pão, levantando cedo e deitando tarde,

pois é Deus quem dá o sustento aos que ele ama, mesmo quando estão dormindo (Sl 127.1-2).