Você já pensou em fazer parte de uma família, na qual você não conta? Isso aconteceu com um certo jovem.
Ele era de um país cujo sistema de governo era a monarquia. Em determinado momento, surgiu oportunidade de se escolher um novo rei e o escolhido seria da família desse jovem. Porém, todos os seus irmãos foram apresentados no processo de escolha, menos o mais novo. Onde ele estava? Será que ninguém lembrou de chamá-lo? Ele estava lá no campo, cuidando de ovelhas, brigando com urso, enfrentando leão! Esse filho, o mais novo, não contava para seu pai? Parece que a família não acreditava que ele tivesse o perfil para sentar em um trono e ostentar uma coroa.
O tempo passa e há uma grande batalha, e o pai pede ao filho caçula para ir ao acampamento do exército levar mantimentos para os irmãos fortes e guerreiros, com perfil real. Porém, quando ele chegou viu que alguém precisava fazer alguma coisa contra o inimigo que todos os dias afrontava a honra de seu povo e a seu Deus. Ele acreditou que podia vencer. Mas seus irmãos foram os primeiros a ridicularizar seu posicionamento. Contudo, ele não "ouviu" as afrontas e expressões de depreciação e derrotou o adversário, libertando o seu povo da derrota iminente.
Como parte das recompensas ao campeão, ele se casa com a filha do rei. Bom, agora parecia que as coisas iriam melhorar para o moço. Afinal, ele fazia parte da família real, era genro do rei! Seu nome passou a ser cantado como aquele que havia vencido milhares de milhares. Quanto engano! Isso despertou o ciúme do rei, seu sogro, que passou a buscar, incansavelmente, oportunidade para matá-lo. Felizmente a mão de Deus estava sobre ele e o rei não pode tirar-lhe a vida.Numa batalha, seu sogro morre e ele assume o reinado de seu país - lembra? Ele havia sido ungido para isso. Ele, então, na condição de rei tem uma das mais importantes conquista de seu reinado, que é o retorno do símbolo da presença de Deus na vida de sua nação e, consequentemente, um elemento fundamental da vida religiosa e histórico-cultura de seu povo, a Arca da aliança. O, agora, rei ficou tão alegre, tão exultante, que começou a bailar pelas ruas da cidade diante da comitiva que transportava o símbolo sagrado. Afinal, isso significava uma vitória que ficaria para a história, era um marco para o país e para ele pessoalmente. Era, portanto, de se esperar que sua esposa compartilhasse com ele aquele momento de triunfo pessoal, profissional e religioso. Contudo, ela desdenhou da alegria do marido, achou ridículo e vergonhoso a sua expressão de felicidade.
Como se não bastasse esses infortúnios, anos depois, um de seus filhos, começou a desejar sua própria irmã e tramou uma situação em que pudesse manter relações sexuais com ela. Na realidade, ele a estuprou e depois de consumada tal infâmia, teve nojo dela e a expulsou de forma humilhante de sua casa. O outro filho, resolveu tomar em suas mãos a vingança pela honra de sua irmã e, em um banquete de família, matou o irmão estuprador.
Esse mesmo filho vingador, resolveu que queria ser rei no lugar de seu pai e passou a tramar e guerrear contra ele e, é claro, não faltou quem o apoiasse em sua sanha maligna contra seu pai. Como parte de sua ambição passou a manter relações sexuais com as mulheres de seu pai, de uma forma que os súditos ficassem sabendo, o que desmoralizava e humilhava o rei diante da nação.
Em um dos muitos confrontos entre os partidários do pai e os do filho, o capitão do rei persegue e mata o belo filho usurpador. E o rei, em vez de se sentir aliviado, chora a morte do filho "amado".
Bom, a primeira impressão que fica é que, com certeza, esse homem no final de seus dias seria um homem aniquilado emocionalmente, fisicamente e espiritualmente. Que ser humano consegue aguentar tudo isso? Afinal, fora preterido na casa de seu pai, Jessé; seu sogro, o rei Saul, enciumado, tentou, inúmeras vezes, matá-lo. Ele não pode contar nem mesmo com sua esposa. Mical não comemorou com o marido a vitória, não incentivou; pelo contrário, o ridicularizou por sua alegria. Ele tinha esse direito, o direito de pular como uma criança quando ganha o presente de sua vida, mas sua esposa desdenhou de sua conquista! Ele teve um filho estuprador, Aminon; outro vingador e assassino, Absalão, e uma filha, Tamar, estuprada e escorraçada por seu irmão. Seu belo filho Absalão tentou tirar a coroa e sua cabeça e que não o respeito como homem nem as suas mulheres, além de ter matado seu próprio irmão.
O jovem, o filho, o irmão, o genro, o marido, o pai, o rei, o homem Davi foi atingido, ao longo de sua vida, em pontos vitais da história e da constituição de um ser humano. Porém, ele termina seus dias, a pesar de tudo, honrado e triunfante. Sua alma estava sarada e seu espírito vivo para Deus! O segredo desse homem singular é retratado no Salmo 34:
Bendirei o SENHOR em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios.
Clamam os justos, e o SENHOR os escuta e os livra de todas as suas tribulações.
Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido.
Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra (Sl 34.1,17-19).O Senhor estava perto de Davi. Ele era um adorador e tinha atitude de adorador. De seus lábios não saiam palavras de maldição, e sim de louvor, mesmo quando passava pelo vale de sombra e morte. Seu coração era um coração quebrantado, pronto a se arrepender todas as vezes que pecou contra Deus. Quando quiseram lhe apedrejar, em vez de maldizer e revidar, como muitas vezes fazemos, ele diz: Isso é permissão de Deus! O coração do rei Davi estava seguro, sabendo que o Senhor livra o justo de todas as suas aflições.