quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Castanha, a resistência que protege o sabor

Há poucos dias eu ganhei um ouriço da chamada castanha do Pará que, na realidade, é do meu Amazonas, de uma conterrânea que foi rever os parentes distantes. Com o ouriço na mão, senti a dureza desse invólucro que serve de proteção para o precioso fruto da castanheira, uma das grandes árvores da floresta amazônica.

Quando a castanha está madura, o ouriço cai de uma grande altura. Se não estivesse tão bem protegida, fatalmente não resistiria a grandiosidade de sua queda. Porém, além da carapaça dura, mais dura do que o coco, o ouriço tem uma macia camada externa que amortece o impacto. O próprio fruto tem uma casca tão resistente que só com um instrumento duro se pode quebrar para, então, se provar de sua delícia.

Essa análise permeada de recordações de minha terra, fez-me refletir sobre nós, seres humanos. Queremos muito crescer, aliás, toda criança chega a um momento que não mais aceita ser chamada de criança, pois quer ser grande. Lutamos para avançar na vida, para conquistar espaço, fama e riqueza. O alvo é subir na vida, é alcança o píncaro da montanha, o vale já não serve mais. É mais fácil desejarmos olhar o mundo “de cima” do que nos acomodarmos as coisas humildes, o que nos aconselha o apóstolo Paulo: “[...] não ambicioneis coisas altivas mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios aos vossos olhos” (Rm 12.16).

A castanheira e seu fruto, a castanha, nos ensinam que para subir e crescer precisamos fazê-los com solidez. Nossa casca precisa engrossar para que diante dos embates da vida nosso invólucro não venha a rachar. Só podemos nutrir e dar sabor ao mundo se tivermos capacidade de resistência. Jesus, em sua oração sacerdotal, ao orar por nós, pede ao Pai: não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal (Jo 17.15). Se nos deixarmos tomar pelas nossas fragilidades, nossos dons, talentos e potencialidades serão perdidos por meio das rachaduras em nossa capacidade de resistir aos problemas, calúnias, desprezos, confrontos... ufa!

Quando fui deixando minha adolescência, comecei pedir a Deus: “Senhor, engrossa a minha cascas”. Eu percebi que minha sensibilidade não poderia se transformar em algo que inviabilizasse minha caminha. Eu não poderia me tornar uma inválida emocional diante dos desafios e revezes da vida.

Por outro lado, como a castanha cuja capacidade de resistência a impacto não tira o seu sabor, a fortaleza de Deus em mim não me torna insensível, não me tira a suavidade, não me rouba a amorosidade.

Na imagem que ilustra essa mensagem, pode-se ver nossa tentativa – Franciane, Fernanda e eu – de quebrar o ouriço da castanha. Ele foi jogado ao chão, com toda força, por vários minutos e não quebrou. Por fim, depois de algum tempo, pedimos uma marreta emprestada, e nada. Ele permanecia a nos desafiar. Depois de muita luta e quase desistência, começamos a ver sinais de que estávamos tendo sucesso.

Para terminar, me recordo de uma frase dita por meu pai enquanto ministrava a palavra de Deus:
 
“Sonhe alto, mas sonhe forte!”.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Miss.Marta.
Confesso que não tenho palavra para expressa essa maravilhosa experiência , pois foi mais um aprendizado que estou tendo,Deus tem me dado em especial !
Por isso agradeço a DEUS pela tua VIDA!!!
Amo-te!
Há gostei muito , mas muito desta fraze:
“Sonhe alto, mas sonhe forte!”.