quinta-feira, 6 de março de 2008

Repreensão: O caminho da vida

O texto a seguir é fruto da reflexão que fiz como contribuição para a matéria da jornalista Heliomara Mulullo: Educação Escolar: nova visão educacional forma cidadãos do bem, publicada pela Revista Comunhão, num. 126 (Fev/2008).

Quando se analisa o mundo de hoje, pode-se concluir que não é o que se pode chamar de um mundo melhor e acolhedor. Colhemos as conseqüências dos atos de gerações anteriores (Dec. 60 e 70) que lutaram por liberdade e contestaram os valores estabelecidos na sociedade. Assim, destruíram muitos paradigmas sociais e abalando valores e culturas familiares, por exemplo, como criar/educar filhos, a guisa de uma sociedade melhor.
Esse processo também teve a contribuição de teorias do desenvolvimento humano e educacional. Possivelmente mal interpretadas, essas abordagens trouxeram mudanças ao pregar a autonomia do sujeito/educando e a não diretividade na educação. Se antes toda autoridade estava centrada na figura educadora, com as novas concepções essa autoridade foi transferida para a criança, como se o adulto nada mais tivesse para ensinar. Como conseqüência, na relação de pais e filhos, talvez como forma de distanciamento do autoritarismo praticado por gerações passadas, se percebe pais temerosos em exercer seu papel fundamental de figura cuidador/educadadora. Assim, a família deixa de dar à criança o seu direito e necessidade de receber a chamada educação primária onde estão os pilares dos valores e das regras sociais, o respeito ao outro, o valor da vida e os limite necessários para o bom viver e o bem-querer em sociedade.
A educação de valores na infância é uma necessidade intrínseca do ser humano porque ninguém nasce pronto para a vida. A criança nasce como um diamante bruto que só após ser lapidado mostra o seu valor. O “como viver” e, principalmente, o “como ser”, “como existir” nós não sabemos a priori, precisamos que alguém nos ensine, nos mostre, da mesma forma que necessitamos que alguém nos diga como se faz para dar os primeiros passos e as primeiras colheradas. Nesses processos nós caímos, nos machucamos, nos sujamos, mas nossos cuidadores persistem até que tenhamos autonomia para andar e comer sozinhos. No que tange aos valores, como se trata de lidar com a natureza humana e forjar caráter, o caminhos mais fácil é a desistência. Contudo, quando isso acontece, os pais estão negando ao filho um direito e o atendimento de sua necessidade de “conhecer” para “ser”.
A palavra de Deus diz que “[...] a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe” (Pv 29.15), e hoje, lamentavelmente, vemos muitos pais sendo tomados pela vergonha e pela dor quando vêem seus filhos trilhar caminhos de destruição. São jovens que caminham sem direção, sem perspectiva de futuro e, dolorosamente, sem sonhos. São sujeitos não-adaptados ao seu mundo, gerando uma sociedade que se desumaniza de forma cada vez mais veloz. E aí, perguntamos: Para onde vão os filhos de nossa geração? O que vai ser dessa sociedade se os pais abrirem mão da condição de “ser pais”. Receber uma criança no mundo é um privilégio do qual não se pode desistir ante as dificuldades do caminho.
É função materno/paterno mediar o processo de conhecimento/relacionamento de seus filhos com o mundo a partir do exemplo. Para a criança os valores que lhes são ensinados serão tão mais verdadeiros quando vistos na pratica diária de seus pais. São das figuras cuidadoras que as crianças apreendem as primeiras significações do mundo, bem como de cada um de seus pequenos gestos e reações frente ao novo. E aí, mais uma vez tem razão a palavra de Deus: “Instrui o menino “no” caminho em que deve andar [...]” (Pv 22.6). “Porque o mandamento é uma lâmpada, e a instrução uma luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da vida” (Pv 6.23).Uma chamada à responsabildiade de educar

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